domingo, 30 de agosto de 2009

Pedagogia do Opressor...


Li esse texto e achei muito interessante partilhar com vocês... e creia é uma realidade atual...

temos que pensar... temos que refletir o que a autora nos coloca...


Rozane Suzart
PEDAGOGIA DO OPRESSOR II
O oprimido quanto mais definido como tal, mais fraco ficará. Já a palavra do opressor, traz nas suas letras uma maldita força, quase invencível, traz também um poder infinito, e eficaz. Dá medo! Os oprimidos são oprimidos por toda a negação e opressão a sua cultura, seu acesso ao mundo, sua impossibilidade de interferir, sua sobrevivência com bases na resignação, e no trabalho escravo, a falta de recursos vitais como comida, água, moradia, a convivência "amigável" lado a lado com a violência, o não direito à saúde, as discriminações das mais variadas possíveis, as injustiças sociais, e possui além de tudo uma educação defasada, e um acesso inexistente às tecnologias e à informação... Isso é ser oprimido. Oprimido pelo sistema, oprimido por si mesmo, oprimido pela sua realidade dura. Oprimido pelas "alegrias" do opressor, do poder. O poder: esse é o opressor. O Estado, a Burguesia e a Igreja (na verdade o misto dos três), ainda ocupam seus mesmos lugares na história: estão no topo da pirâmide. E o povo, a maioria, embaixo, sufocado pela desigualdade social. Abafando sua fome, sua miséria com o ritmo quente, tropical do País, esse maravilhoso mundo, terra divina, de clima e solo férteis à vida, reduzido aos privilégios de poucos.
A vida... O mundo... Ainda assim, divididos em opressores e oprimidos divididos em mundos diferentes e com referências impostas, e mesmo que subdividido em mais mundos... Ainda vivemos em um mundo só... Não tem para onde correr. Nem a distância espacial consegue vencer as mínimas transformações e suas influências. Vivemos em grupo. E toda a desgraça da vida do marginal, influencia a rica criancinha dos berços de ouros, da alta sociedade. E as mais bobas decisões como almoçar, ou comprar flores para a sua amante, dos empresários mais ricos e ocupados, influenciam a vida do menino de rua, das calçadas, das senhoras abandonadas em suas casas de papelão, pelas invasões esquecidas do nosso imaginário "elitizado". Então, vamos fazer uma equação matemática: SE vivemos em um só mundo, MAS somos muito diferentes ao ponto de nos violentarmos pondo em risco a sobrevivência e a vida do planeta ENTÃO significa que precisamos rever os nossos interesses sociais: o oprimido quer deixar de ser oprimido e galgar de forma que chegue a ser opressor? A realidade do opressor deverá ser um sonho para o oprimido? Ou seja: é necessário que haja oprimido e opressor? Que é ser opressor? Que é ser oprimido?
Precisamos notar que o oprimido se oprime. E que oprime o opressor por ser opressor. E, que, o opressor, por ser opressor é oprimido por si próprio, pela sociedade pelos oprimidos, logo também é oprimido pelos valores sociais construídos ao longo da história.
Enfim, pensar numa pedagogia do Opressor é refletir que não só os oprimidos estão abaixo da "média" do que seria uma boa sobrevivência, pois o excesso de bens, e responsabilidades sociais, o excesso de prazer material, e as mais diversas mordomias, o livre acesso ao mundo, ainda assim, não são referências para um sujeito sentir-se pleno, mesmo por que essa plenitude pode significar um mal: a certeza, a acomodação, a imortalização das ideologias, e uma sociedade sem perspectivas de caminhar com o mundo...

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